Vinicius de Moraes
Pensei, três minutos atrás...
...o poeta não faz palavras. Não deve ser um engenheiro literário; mesmo sabendo que alguns até sejam. Poesia é a mais pura e delicada arquitetura (sem querer ser poético, até porque não sou); o poeta é um arquiteto... e Vinicius "o" arquiteto, um Oscar Niemeyer das palavras.
Escuto o "SAMBA DA BENÇÃO" e sinto sempre o inesperado, um sentimento novo e, às vezes, confesso, me vem a tristeza de não ser poeta. Não nasci pra poesia e muito menos ela nasce em mim como nascera em Vinicius de Moraes. Não quero ser poeta. Quero às vezes. E às vezes não quero. Quero quando quero ouvir bossanova e não quero quando não quero ouvi-la. Pudera todos nós, e seria essa exatamente minha vontade, ou melhor, minha desilusão, termos uma fração, que fosse um trezentos avos (exagerei, eu sei. É uma hipérbole, não é real) da inspiração de Vinicius. E , claro, não só inspiração que faz a arte; o esforço é essencial, sabemos. Mas nem esforço eu tenho. Nunca sentei pra fazer poesia. A não ser em sala de aula...aquela coisa forçada pelo professor de lingua, a métrica, o estilo, a forma...enfim, desencanei.
Quer saber? Pra mim por muito tempo poesia era isso: rima e paciência. Acertei na paciência e em partes na rima. Poesia é muito mais. E não sei o que mais. Também não vou estudar o que ela é. Enteressa-me senti-la.
...aliás o que interessa-me mesmo é ouvir outra vez o Samba da Benção. Outra vez...outra vez...
Minha mãe, irritada:
- Mais uma vez?
Eu, escrevendo o post:
- A última. Juro.
"Os mentirosos estão sempre prontos a jurar."
(Vittorio Alfieri)